CACIQUE SEM ÍNDIO: PROMESSAS E A REALIDADE DE OITO ANOS DE GESTÃO EM UNAÍ
Unaí, MG — 05 de novembro de 2024
A recente entrevista do Prefeito José Gomes Branquinho ao jornal Tribuna trouxe à tona um retrato interessante e controverso de sua gestão de oito anos em Unaí. Em um balanço dos feitos e frustrações, Branquinho exaltou o que considera uma “saúde financeira sólida” e a promessa de obras para o futuro. Contudo, sua visão de “cacique conselheiro” se distancia da realidade eleitoral recente, que parece ter deixado sua liderança sem o respaldo do “povo” que ele diz representar.
Uma Saúde Prometida e Não Entregue?
Enquanto o Prefeito destaca que 43% dos recursos vão para a saúde, a população questiona a eficácia desse investimento. O Prefeito eleito, Thiago Martins, anunciou ontem uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para Unaí, uma iniciativa que desperta expectativas, mas também ceticismo: se o atual Prefeito ressalta as obras de Unidades Básicas de Saúde como legado, por que a demanda por uma UPA ainda persiste? Afinal, será que Unaí finalmente terá o sistema de saúde que merece ou estamos novamente diante de uma promessa que apenas “sai do papel” em período eleitoral?
O humorista e cronista brasileiro Luis Fernando Verissimo já disse que “o que nos cativa na política não é a ação, mas a promessa.” Branquinho, ao prometer “dinheiro em caixa” e “obras que não param”, parece ecoar essa crítica, fazendo-nos perguntar se, de fato, essas promessas já não estão penduradas em um cabide de intenções há muito tempo.
O “Cacique” Sem Índios
Em um tom quase paternalista, Branquinho declara que, daqui para frente, será “companheiro, conselheiro, quase um cacique”. Mas, se o resultado das eleições reflete o desejo da população, parece que este “cacique” já não lidera um grupo de seguidores. A declaração, ainda que sofra da conhecida retórica política de despedida, sugere um contraste: quem ele realmente guiou? A recente escolha popular, que optou por uma mudança de liderança, sugere que sua influência sobre o eleitorado talvez não tenha sido tão sólida quanto ele imaginava.
O escritor Millôr Fernandes uma vez ironizou o poder com a frase: “democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim.” Será que, ao se autodeclarar “cacique”, Branquinho se colocou acima da vontade do povo?
Uma “Caixa-Preta” ou um Acordo de Cavalheiros?
Outro ponto intrigante é a declaração de que tudo será deixado “em ordem” para a nova administração, com uma comissão de transição já nomeada. Mas, nos bastidores, há murmúrios de que nem tudo estaria tão “transparente” quanto o prefeito sugere. Como as últimas semanas de gestão vão se desenrolar? A comunidade quer saber: será que Unaí receberá de fato um “livro aberto” da gestão atual ou a transição será marcada por um “acordo de cavalheiros”, onde informações cruciais permanecem ocultas?
Conclusão: Unaí Rumo a um Novo Capítulo?
Afinal, as promessas de Branquinho refletem o que os últimos oito anos realmente foram ou são apenas uma tentativa de envernizar uma gestão marcada por obras não concluídas e uma saúde pública ainda em crise? Os eleitores estão de olhos abertos, esperando ver se o futuro governo trará as mudanças concretas que Unaí tanto espera ou se o ciclo de promessas e decepções continuará. De fato, vamos ficar de olho. Não podemos viver de pão e circo.
A declaração do Prefeito Branquinho ao jornal Tribuna oferece uma última reflexão para o público de Unaí: será que sua liderança foi realmente eficaz e sustentável ou estamos apenas assistindo à mesma peça política de sempre, repleta de retórica e expectativas não cumpridas?
Para pensar