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SÍNDICO NINGUÉM GOSTA? UM BALANÇO DA GESTÃO DO PREFEITO BRANQUINHO

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SÍNDICO NINGUÉM GOSTA? UM BALANÇO DA GESTÃO DO PREFEITO BRANQUINHO

Muito se especulou sobre o motivo pelo qual  o Prefeito José Gomes Branquinho não conseguiu eleger seu sucessor. Mesmo com realizações significativas, a gestão do prefeito tropeçou em um problema crucial e recorrente: a comunicação. Ao optar por divulgar suas ações majoritariamente em redes sociais controladas pela própria equipe, prefeito  Branquinho perdeu a oportunidade de dialogar com veículos de imprensa de maior alcance, permitindo que críticas dominassem o cenário.

FINAL DE MANDATO: GRANDES FEITOS, POUCA VISIBILIDADE

Ao longo de seu mandato, Branquinho consolidou-se como um gestor focado no zelo pelo dinheiro público e na execução de projetos estruturantes. Sob sua liderança, Unaí viu avanços importantes, como a assinatura para construção de cinco Unidades Básicas de Saúde (UBSs), o início das obras do tão esperado anel viário e a ampliação do acesso à água potável em áreas rurais.

No entanto, como bem pontua o sociólogo Pierre Bourdieu, “o capital simbólico é tão importante quanto o capital econômico para a legitimidade de uma gestão.” A ausência de uma estratégia eficaz de comunicação deixou esses avanços obscurecidos, enquanto as notícias negativas, muitas vezes amplificadas pela população e pela mídia investigativa, ecoaram com mais força.

AVANÇOS QUE FALAM POR SI, MAS NINGUÉM OUVIU

As cinco novas UBSs, previstas para iniciar em janeiro de 2025, representam um marco no planejamento urbano de Unaí. Localizadas em bairros como Santa Luzia, Esplanada e Água Branca, elas visam acabar com a dependência de imóveis alugados, beneficiando tanto servidores quanto usuários. Apesar disso, poucos sabiam desse progresso – comenta-se que o próximo gestor poderá explorar essa conquista para colher os louros do planejamento de Branquinho.

Outro ponto de destaque é o anel viário, uma promessa de décadas. Embora não tenha sido concluído, o prefeito assegurou os recursos necessários para sua finalização, com um investimento estimado em R$ 6 milhões. Porém, como observa Kotler, especialista em marketing, “A PERCEPÇÃO É MAIS PODEROSA QUE A REALIDADE.” E, sem uma divulgação robusta, o impacto positivo dessa obra passou quase despercebido pela população.

Na área rural, a expansão do acesso à água potável transformou a vida de 240 famílias, com expectativa de alcançar mais 300 na próxima etapa. Assentamentos como Barreirinho e Menino Jesus, antes sofrendo com a escassez, agora têm dignidade renovada. Na saúde, a homologação do Hospital Regional em 2023 foi outro marco, com um investimento recorde de R$ 94 milhões – o dobro do mínimo constitucional. O Hospital Municipal contabilizou mais de 155 mil atendimentos em especialidades de alto impacto. Mas, novamente, essas conquistas ficaram relegadas à sombra de uma comunicação deficiente.

UMA COMUNICAÇÃO QUE NÃO DIALOGA: ONDE BRANQUINHO ERROU

 Ao limitar a divulgação de suas realizações às redes sociais próprias, Branquinho se afastou da opinião pública e de veículos de maior alcance. “Aquele que não controla o discurso sobre si mesmo está condenado a ser controlado pelo discurso alheio”, afirma o filósofo Michel Foucault.

Enquanto o prefeito se dedicava à execução de projetos e à austeridade financeira, seus adversários políticos aproveitaram a ausência de diálogo para construir narrativas críticas. A falta de abertura para veículos investigativos e de maior alcance foi um erro fatal, que deixou a gestão vulnerável às críticas mais duras.

 

Maquiavel, em O Príncipe, já alertava: “A boa política não é apenas fazer, mas parecer que faz.” E Branquinho falhou em transitar nesse equilíbrio. Seus feitos concretos, como obras, investimentos e transformações sociais, não chegaram ao grande público de forma eficaz. A imagem de “síndico eficiente”, mas politicamente desconectado, ficou marcada.

Síndico ou politiqueiro?

“Síndico ninguém gosta” parece uma definição precisa para o prefeito Branquinho. Ele será lembrado como um gestor comprometido com a responsabilidade financeira e com o interesse coletivo, mas incapaz de traduzir suas ações em capital político.

Enquanto deixou recursos em caixa para a conclusão de projetos estruturantes, Branquinho não conseguiu dialogar com a população pelos canais certos. Essa desconexão o afastou do eleitorado e o impediu de formar alianças políticas capazes de perpetuar seu legado. O futuro pode trazer uma nova gestão que, aprendendo com seus erros, explore melhor o potencial de comunicação.

Entretanto, há um risco iminente: trazer “forasteiros” que subestimam a complexidade local. “A comunicação é também um processo de enraizamento cultural”, ressalta o antropólogo Clifford Geertz. Ignorar as particularidades de Unaí pode ser o primeiro erro fatal de um novo governo.

O QUE FICA PARA O FUTURO?

O legado de Branquinho é inegável: avanços estruturais em saúde, infraestrutura e abastecimento de água. Contudo, o recado para os futuros gestores é claro: não basta fazer; é preciso comunicar. Transparência, diálogo e capacidade de promover as ações realizadas são tão cruciais quanto a execução de obras e políticas públicas.

Como pontua Marshall McLuhan, “o meio é a mensagem.” E em Unaí, o meio falhou em transmitir o que foi feito. A próxima gestão terá a oportunidade de corrigir esse erro – mas isso exigirá não apenas a continuidade dos projetos, mas também a construção de uma narrativa que reconquiste a confiança do povo.

Texto: Robismar Pereira